quarta-feira, 28 de maio de 2008

Transportes hoje

Com obras cada vez mais urgentes para sanar antigos gargalos em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e aeroportos, o desafio que o geverno se dispõe a enfrentar através da injeção de 58,3 bilhões de reias no PAC - Plano de Aceleração do Crescimento,entre 2007 e 2010, deve concentrar grande parte destes recursos no setor de transportes, notadamente na infra-estrutura de escoamento nas malhas.
Para tanto há que haver celeridade e em doses mais agressivas neste primeiro momento, se querem chegar ao fim do mandato com obras concluídas.Segundo dados de 2006, as matrizes de transportes de cargas estão centradas nas rodovias (58%) no país, seguido das ferrovias (25%) e hidrovias (17%). Com 2565 aeroportos com transportes de 102 milhões de passageiros e pouco mais de 1 milhão de toneladas de carga, o setor aéreo vive uma crise sem precedentes, haja visto a ameaça velada do presidente Lula de até poder montar uma empresa aérea estatal.
A malha ferroviária com quase 30 mil quilômetros, com conservação precária, transportou 400 milhões de toneladas mas apenas 1,48 milhão de passageiros, menos que o metrô de São Paulo num único dia.Já as hidrovias, com potencial de rios navegaveis de 42 mil quilômetros e exploração de pouco mais de 10 mil, transportou 25 milhões de toneladas. O número de portos no país, inclusos terminais situados fora do cais (portos secos) são 82 e movimentaram 650 milhões de toneladas de carga em 3,6 milhões de containers, que foram transportados brasil afora por estradas.
Na sua maioria as estradas do país não são pavimentadas (1,4 milhão de quilômetros) sendo que apenas aproximadamente 200 mil quilômetros são pavimentadas e ligam os principáis centros urbanos e mais 166 mil quilômetros estão em planejamento.
O estado da maioria das estradas é calamitoso necessitando de recuperação asfaltica, duplicação, restauração de pontes e viadutos, sinalização e fiscalização. Faz-se necessário a pavimentação de estradas que ligam as novas fronteiras agrícolas, para e passo com a sua produção.
Com todo este problema de infra-estrutura acumulado durante décadas e o descaso público na gestão das matrizes de transportes de carga, o problema de transportes nas cidades e nos grandes centros parece menor. Mas não é.
O acúmulo de veículos nas grandes cidades já faz os congestionamentos superarem a barreiros dos 200 quilômetros, suas principais arterias e vias de escoamento já não comportam o crescimento desordenado e a circulação de um número crescente em forma geométrica de veículos.
A circulação de caminhões por dentro de cidades é certamente um dos principais fatores do travamento do trânsito, mas o não investimento em tranportes públicos de qualidade é o verdadeiro vilão.
Ninguém em sã consciência circularia diariamente com o seu veículo a um custo proibitivo, considerando-se desgaste, manutenção, combustíveis e estacionamento nos grandes centros, se houvesse transportes públicos de qualidade.
A estagnação da quantidade de linhas do metrô parece-me a causa fundamental do caos no trânsito das grandes cidades. Governo após governo as decisões nesta área são relegadas a segundo plano, mas chegamos no limite de tolerância da população. Focos de distúrbios civis já acontecem nas zonas sul e leste de São Paulo, por exemplo.
O boom de desenvolvimento mundial ocorrido na última década, transformou a paisagem dos países que se aproveitaram deste bom momento econômico mundial, que parece ter seu ciclo encerrado, o que infelizmente não foi acompanhado pelo Brasil.
A lição da china para o brasil na área da infra-estrutura é muito significativa. O desafio chinês é maior que o brasileiro, assim como a ação e a assertividade. Olhem para os cartões postais da China e de outros países e vejam a diferença. Façam um sobrevôo sobre o Rio de Janeiro e sintam a diferença entre o progresso e o atraso. A viagem de São Paulo ao Rio pela rodovia Dutra, revela na entrada da região metropolitana do Rio aproximadamente 20 quilômetros de favelas e casas de padrão inferior e uma região de alagadiços totalmente degradada.
Este o retrato símbolo do atraso do país.

INTERACTIVE PRESS

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